"O bom pensador procura ver nos objetos tudo o que eles contêm, e nada mais", diz o filósofo espanhol Jaime Balmes. Há pessoas que têm o talento de ver muito em tudo, mas acabam caindo no erro de verem demais. Elas enxergam o que não existe e não o que realmente há. Procuram na menor circunstância uma oportunidade para discorrer exageradamente sobre algo, ou, como diz o autor, "levantar castelos no ar".
Já outros padecem do defeito contrário. Eles enxergam bem, mas pouco. Penetram as coisas de um só lado, e se este lado desaparece, não conseguem ver mais nada. Essas pessoas geralmente são sentenciosas e obstinadas. Sentenciam a realidade na medida do que cabe na sua limitada visão, sem deixar margem para dúvidas.
"Como caipiras que jamais saíram de sua roça, para eles o mundo termina no horizonte."
Os jovens, em particular, são mais suscetíveis a essa atitude, pois, como observa Goethe, "quando se é jovem não se vê as coisas senão por uma só perspectiva; uma grande obra, pelo contrário, exige uma pluralidade de perspectivas e é nisso que se fracassa".
No estudo como na vida, não devemos ser "construtores de castelos" nem "caipiras", mas bons pensadores. Devemos buscar um entendimento lúcido, capaz e exato, que abarca em seu estudo o objeto por inteiro, encarando-o sob todas as suas faces, em todas as suas relações. Esse entendimento deve transparecer em tudo, da nossa escrita à nossa conversação, distinguindo-se pela nossa clareza, precisão e exatidão. Se a matéria é abstrata e difícil, e o caminho é obscuro, não importa! Pois seremos guias experientes; saberemos como evitar o cansaço e economizar o tempo. Seja esse o nosso ideal.
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