Uma lista de filosofia chinesa naturalmente provoca a seguinte pergunta: existiu, de fato, no pensamento clássico da China, algo como uma filosofia? Alguns, os historicistas de plantão, diriam que não, sob a justificativa de que a filosofia seria um fenômeno inescapavelmente enraizado nas circunstâncias histórico-culturais da Grécia de Platão e Aristóteles. Outros, produtos de um Ocidente que nem mais se recorda de suas inigualáveis origens teórico-especulativas, querem ser tão “mente aberta” que acabam deixando o cérebro cair para fora: em nome de um anti-eurocentrismo obstinado, saboreiam cocktails pseudo-filosóficos das mais variadas cores, abstendo-se de beber da água pura e fria do logos alethinos. Para estes, filosofar não significa senão “pensar”, do que se conclui naturalmente a existência de filosofias africanas, indígenas, egípcias, indianas, chinesas, etc. Afinal, lato sensu, todo ser humano pensa; entretanto, a quem considera, por isso, Caetano Veloso um grande filósofo, é preciso dizer: o buraco é mais embaixo.
O problema da China não pode ser resolvido nesse plano. Nem a perspectiva particularista nem a universalista inserem a filosofia dentro de uma tipologia geral dos discursos, sem o que se torna impossível distingui-la rigorosamente de outros tipos de manifestação do pensamento humano. Assim, qualquer um que se dedique à atividade de formular juízos mais ou menos abstratos a respeito da realidade passa a ser chamado de filósofo. Mas a verdade é que basta ter um pouco de cultura filosófica para perceber que Confúcio e Lao-tsé, por exemplo, não alcançaram o mesmo nível de sofisticação lógico-metafísica de Platão e Aristóteles, e que, portanto, só podem receber a alcunha de “filósofos”, desde que se tenha uma mínima benevolência para com o rigor das definições. Por outro lado, como disse Eric Voegelin, a China, dentre todas as grandes civilizações, foi a que mais se aproximou, de maneira autônoma e independente, da realização intelectual dos filósofos gregos. Foi por isso que, apesar dos pesares, decidimos usar a expressão “filosofia chinesa”, ao invés do título sempre muito vago “pensamento chinês”, que pode acabar soando amplo demais em vista dos propósitos específicos que temos aqui.
Tendo dito isso, desejamos uma boa leitura a todos que pretendem se aventurar pelas ideias de uma cultura que para nós representa o Outro, uma alteridade tão completa, que, privado de contato com ela, o Ocidente dificilmente poderia distinguir, com tanta clareza, qual porção de sua própria herança pertence à humanidade universal e qual porção reflete não mais que simples idiossincrasias indo-europeias.
I) HISTÓRIAS DA FILOSOFIA CHINESA
- NORDEN, C. – Introdução à Filosofia Chinesa Clássica
- CHENG, A. – História do Pensamento Chinês
- LAI, K. – Introdução à Filosofia Chinesa
- CHUN, W. – Filosofia Chinesa
- GRAHAM, A. C. – The Disputers of Tao
- CHAN, W. – A Source Book in Chinese Philosophy
- FUNG, Y. – A Short History of Chinese Philosophy
- LIU, J. L. – An Introduction to Chinese Philosophy
- WEN, H – Chinese Philosophy
- DAWSON, R. – The Legacy of China
II) CONFUCIONISMO
- CONFÚCIO – Os Analectos
- MENGZI
- XUNZI
a) Dinastia Han:
- DONG ZHONGSHU
- WANG CHONG
- YANG XIONG (o seu "Tai Xuan Jing" foi traduzido ao inglês, e depois ao português como "I Ching Alternativo")
- WANG BI (Escola do Estudo do Místério)
b) Dinastia Tang:
- HAN YU
- LI AO
c) Dinastias Song e Yuan:
- OUYANG XIU
- WANG ANXI
- SHAO YANG
- ZHOU DUN'YI
- ZHANG ZAI
- CHENG HAO
- CHENG YI
- ZHU XI
- LU XIANGSHAN
d) Dinastia Ming:
- WANG YANGMING
- LIU ZONGZHOU
e) Dinastia Qing:
- HUANG ZONGXI
- GU YANWU
- WANG FUZHI
- YAN YUAN
- DAI ZHEN
III) Moísmo
- MOZI
- MO BIAN ZHU XU
IV) Taoismo
- LAO-TSÉ – Dao De Jing
- ZHUANGZI
- LIEZI
- HE GUAN ZI
- WENZI
- WEN SHI ZHEN JING
- LIE XIAN ZHUAN
- YUZI
- HESHANGGONG LAOZI
a) Dinastia Hane pós-Han
- WANG BI (ele foi daoísta e confuciano)
- HUAI NANZI
- GUO XIANG
b) Dinastia Tang e pós-Tang
- SIMA CHENGZHEN (seu Zuo Wang Lun foi traduzido como "Meditação Taoísta", ed. Mauad X)
- DAOZANG (Cânon Daoísta, contém muitos textos religiosos sobre ritos e divindades, e alguns filosóficos, como o anterior, e teve reedições nas dinastias Song e Ming)
V) Legalismo
- HANFEIZI
- SHANG JUN SHU
- SHENZI
- GUANZI
VI) Escola dos Nomes
- GONGSUN LOGNZI – O Diálogo do Cavalo Branco
- DENG XIZI
- YIN WENZI
- HUIZI
VII) Escola do Militarismo
- SUN TZU – A Arte da Guerra
- WUZI
- LIU TAO
- SI MA FA
- WEI LIAO ZI
VIII) Budismo
- DAO AN
- HUI YUAN (Escola Terra Pura)
- KUMARAJIVA (Escola SANLUN, Três Tratados, Madhyamaka)
- SENG ZHAO
- DAO SHENG
XUANG ZANG (Escola FAXIANG, Yogacara) - ESCOLA TIAN TAI
- ESCOLA HUA YAN
- ESCOLA TÂNTRICA
- ESCOLA CHAN ("Zen", Dao Yi e Bhai Zhang)
IX) Contemporâneos (XIX, XX, XXI, confucianos, budistas, republicanos e marxistas)
a) Confucianos
- XIONG SHILI
- XU FUGUAN
- TU WEIMING
- TANG JUN'YI
- KANG XIAOGUANG
b) Budistas
- ZHANG BINGLIN
- LIU SHIPEI
- MOU ZONGSAN
c) Republicanos
- LIANG QICHAO
- TAN SITONG
- SUN YATSEN
d) Marxistas
- MAO TSÉ-TUNG
- JIANG QING
- LU XUN
- FANG KELI
- XI JINPING
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