Mulheres insubmissas, homens desorientados

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Por Valéria Campelo
07 de junho de 2022

Conservadores em geral, em especial os cristãos, costumam lembrar que, segundo as Escrituras, a mulher deve ser obediente e submissa ao seu marido. Mas é notável que poucos entendem de fato por que isso está de acordo com a ordem natural da existência humana e, às vezes, a mera repetição aleatória da sentença parece reforçar o "ressentimento de classe" fomentado pela luta feminista na mentalidade social, principalmente nas mulheres.

Nossa pequena reflexão pretende explicar que é justamente a perda do sentido orientador do homem a verdadeira tragédia anunciada de nossa época. Uma defesa completa sobre o tema nos chamaria, primeiramente, a compreender a natureza das almas masculina e feminina antes de chegarmos ao objeto da questão. A psicologia das redes sociais nos chama, porém, à brevidade e à síntese, motivo pelo qual focaremos apenas numa parte específica do problema, frequentemente ignorada na pressa de "militar" contra o movimento feminista.

Para tanto, usaremos como inspiração algumas lições trazidas pela filósofa e teóloga alemã Edith Stein em sua obra "A mulher - sua missão segundo a natureza e a graça". Partimos, assim, do pressuposto de que existem peculiaridades psíquicas do homem e da mulher, fatos da experiência, que justificam as diferentes atitudes feminina e masculina; e aceitamos que tanto o corpo como a alma da mulher correspondem àquilo que nos ensina a experiência diária desde o início do mundo: a mulher é destinada a ser a companheira do homem e a mãe dos seres humanos.

A subordinação e a obediência da mulher conforme as escrituras é consequência inevitável da participação da mulher na vida do marido e decorre muito mais da vocação natural do homem de ser a "cabeça" e o protetor do seu lar do que do caráter feminino em si. Enquanto o homem serve à sua causa e se preocupa com o "assunto dele", a mulher, por disposição natural, participa da vida e do assunto do homem "por causa dele". É adequado, portanto, que o faça sob sua orientação.

"À ordem natural corresponde a tendência natural da mulher à obediência e ao serviço", diz Edith. É justo que à desordem também corresponda a tendência à desobediência e à indolência dentro de um lar e, consequentemente, de uma sociedade (afinal, sabemos que tanto a ordem quanto a desordem social começam de dentro para fora, não o contrário). Se o homem falha enquanto cabeça e orientador da família, não é anormal que a mulher se sinta impelida (em outros casos, equivocadamente obstinada) à tarefa de supri-la, pois é da sua natureza voltar-se para fora de si, para as necessidades do outro e prover soluções.

Além disso, é da natureza comum de dois homens ou mais reunidos em prol de uma mesma causa clamar por um líder. Do mesmo modo, um lar clamará sempre por uma referência máxima através da qual possa orientar-se. Quando o homem falha nesse dever, não é possível haver ordem e felicidade, pois não importa quanta energia uma mulher impelida pela falta dedique a exercê-lo, menos lhe sobrará para exercer livremente os papeis para os quais sua própria vontade estará inclinada.

Portanto, se um homem, um líder, não é orientado o suficiente para orientar, é difícil esperar que do mero princípio moral resulte obediência e subordinação, ou mesmo que desta obediência e subordinação resulte algum bem relevante à mulher e aos filhos. Muitas há que são insensatas e rebeldes, é verdade. Mas a tragédia se estabelece principalmente no fato de que muitos homens com a vida, os gostos, os hábitos desordenados, são incapazes de orientar e ordenar. Disso resulta que no seu lar dificilmente haverá harmonia e felicidade, e dificilmente seus filhos se tornarão capazes, também, de formar lares harmônicos e felizes. O que esperar da sociedade?

O feminismo, pensamos, é uma das consequências da perda desse sentido orientador do homem. Mas, para que as mulheres o tenham perdido, não seria necessário que, primeiro, em algum momento, os homens, os cabeças, os líderes, o tenham perdido ou dele abdicado?

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Valéria Campelo

Bacharel em Direito pela Universidade Estadual do Maranhão. Redatora, tradutora, advogada e "ademira" do CoA.


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